Viva a Liberdade!

28 Maio

Em Novembro de 1960, dois estudantes portugueses ousaram afrontar a ditadura de Salazar e num gesto simples levantaram os seus copos fazendo um brinde à liberdade. Essa ousadia levou-os à prisão e a uma condenação de sete anos de cadeia.

Peter Benenson, um advogado inglês, tomou conhecimento deste acontecimento através de uma notícia no “The Daily Telegraph” e decidiu não ser indiferente. No dia 28 de Maio de 1961, há precisamente cinquenta anos, escreveu um artigo para o jornal britânico “The Observer” em nome de todos os prisioneiros esquecidos (“The Forgotten Prisioners”).

O seu apelo para que as pessoas bombardeassem as autoridades mundiais com cartas de protesto deu início a um dos mais significativos movimentos de Direitos Humanos que o mundo já conheceu: a Amnistia Internacional que hoje celebra o seu 50º aniversário e foi Prémio Nobel da Paz em 1977.

Direitos Humanos: expressão tão citada, mas que permanece ainda desconhecida para tantos; ideal tão básico, mas que nos remete para uma utopia dificilmente alcançável. E cada vez mais esta expressão nos leva para algo de remoto. Os Direitos Humanos são vistos como um dado adquirido por muitos e apenas em risco noutras zonas e noutros continentes muito mais longínquos onde não há nada a fazer.

E é no meu entender essa mesma indiferença e essa mesma apatia face aos ínumeros casos que conhecemos de violação dos direitos humanos que faz com que os mesmos estejam em risco, num mundo onde certos poderes económicos e financeiros não olham a meios para atingir os fins, persistem vários regimes ditatoriais, deflagram conflitos fratricidas sem fim à vista e se pede às pessoas que troquem os seus direitos pela sua segurança, numa luta contra um inimigo sem face.

A instabilidade e a incerteza que os dias de hoje nos trazem são acima de tudo uma chamada de atenção e um apelo. Se nos dizem tantas vezes que a própria democracia pode estar em risco, é porque os direitos humanos também estão.

A luta pela liberdade e pela dignidade humana é uma causa que os cidadãos comuns não devem deixar cair, ao contrário do que muitos governantes já o fizeram, tornando a DUDH num mero documento de boas intenções, desrespeitado sempre que os interesses políticos ou económicos estão em jogo.

Com imparcialidade e sentido de justiça devemos preservar e lutar por aquilo a que tantos deram a sua vida. Mesmo sabendo que é uma luta desigual nada é em vão .Mesmo sabendo que é uma luta desigual “mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão”. Tal como fizeram aqueles dois jovens com um simples grito que aqui repito, em jeito de homenagem: VIVA A LIBERDADE!

Deixe um comentário