Há uma coisa com a qual vos vou massacrar até às eleições -tal qual aquele desgraçado do Villas Boas tem massacrado o pobre do Jorge Jesus – a Pluralidade… Ou a falta dela no nosso parlamento!
Na Assembleia da República estão representados 5 partidos (não conto com os Verdes, da mesma forma como nunca contei o Alverca como um clube independente do Benfica!). Destes 5 partidos, dois recusam-se a dialogar com tudo o que seja à sua direita , os verdadeiros sociais-democratas apelidam-se de socialistas, os liberais-conservadores apelidam-se de sociais-democratas e os democratas-cristãos/conservadores gostam de dizer que são do centro! Ora, como se já não bastasse a confusão semântica, estes 5 partidos fazem tudo menos dialogar. E porquê? Porque em Portugal ainda reside um convicção terceiro-mundista de que a governação tem de ser uma espécie de tirania partidária, em que governos de coligação são apenas necessários em momentos de crise extrema, e em que o que interessa é ter maiorias absolutas para se governar sem perder tempo a discutir no Parlamento.
Digo-vos apenas três coisas: Suécia, Finlândia, Noruega.
Não, não vou falar da Eurovisao, vou apenas relembrar como estes países tão atrasados a nível politico, económico e social têm sido governados, ao longo das ultima décadas.
Todos eles têm sempre tido governos de coligação. Não com dois, mas normalmente três ou até mais partidos. Não existe uma dicotomia esquerda/direita tão vincada, sendo comum em ambos os Parlamentos encontramos sempre: um partido da mesma esfera do Bloco de Esquerda; um partido entre aquilo que se poderia designar o espaço entre o Bloco e o PS; um partido socialista ou noutros casos social-democrata; um partido de centro, liberal mas mais libertário em termos sociais (normalmente sociais-liberais); um partido de centro liberal mas mais conservador; um partido conservador; e um partido democrata-cristão!
Confuso?! Não, plural!
Nestes países a tradição democrática assenta no dialogo constante entre partidos e no respeito pelas ideias de cada um. Ninguém pede maiorias absolutas, pois sabem que não as podem ter. Os votos vão sendo dispersos, as pessoas encontram-se mais identificadas em termos políticos, pois a escolha é sem sombra de duvida bem mais ampla.
Para além disso, governos de amplas coligaçoes evitam o compadrio politico, os jobs for the boys, e a promiscuidade pornográfica entre estado e empresas privadas. Vejam-se os níveis de corrupção e comparem-se com os nossos.
Mas perguntam vocês, é fácil o dialogo entre partidos de matrizes tão diferentes? Não, é bastante difícil, mas é a única solução, caso contrario não há governação. Ora vejam lá que os sacanas dos Noruegueses, têm no governo desde 2005 uma coligação de esquerda entre os sociais democratas, os socialistas de esquerda (que fazem parte do mesmo grupo que o Bloco e o PCP no Parlamento Europeu – o GUE/NGL) e o partido do centro (sociais-liberais), mostrando que as coligações são sempre possíveis, desde que haja disponibilidade para o diálogo.
Mas agora fico-me por aqui, prometendo em breve voltar ao tema de forma insistente, explicando porque nas próximas eleições vou votar em partidos que não estejam representados no Parlamento.
P.S: Já cumpri o meu desígnio Pascal ao inserir a Palavra “Jesus” num Post Político…